Nem toda mulher é mãe. Mas toda mulher carrega, em alguma medida, o completo materno dentro de si.
Essa verdade, embora profunda, ainda é pouco compreendida – e, muitas vezes, negligenciada. O que faz com que muitas mulheres se sintam confusas, exaustas ou sobrecarregadas emocionalmente, sem entender exatamente de onde vem essa dor.
Elas não têm filhos. Mas vivem como se estivessem sempre maternas. Cuidam de todos ao redor, acolhem, sustentam emocionalmente amigos, parceiros, familiares, colegas de trabalho. E, no fim do dia, sentem-se drenadas. Sem nomear como nem por quê.
A função materna como campo psíquico
No universo simbólico e psicológico, a maternidade não é apenas um evento biológico. É também um campo energético, uma função emocional que pode se manifestar em diversas formas: no cuidado excessivo, na dificuldade de estabelecer limites, na tendência a assumir responsabilidades afetivas que não são suas, na sobrecarga relacional.
Esse padrão de comportamento, que Jung chamou de “arquétipo da grande mãe”, pode ser curador quando bem integrado. Mas quando a mulher está ferida ou fragmentada, ou quando a função de cuidado é distorcida, ela consome. Transforma a mulher em suporte permanente do outro. E a desconecta de si mesma.
Ser mãe de todos pode significar abandono de si
Muitas mulheres que não têm filhos vivem a maternidade através de suas relações. Elas são as que “seguram a barra”, que “estão sempre disponíveis”, que “resolvem tudo” – mas que, por dentro, estão cansadas, solitárias, desejando ser vistas além do que oferecem.
Esse padrão geralmente se instala ainda na infância, quando a menina percebe que precisa cuidar para ser aceita, sustentar para se sentir amada, silenciar para manter a conexão com o outro. E isso se perpetua na vida adulta, se ela não tiver espaço para escutar sua própria história com verdade.
A dor da mãe interna ferida
Mesmo quem não gerou um filho pode carregar a mãe dentro de si – e muitas vezes, essa mãe é crítica, exigente, incansável. É a figura interna que diz que você deveria estar fazendo mais, sendo mais, cuidando melhor, sentindo menos raiva, sendo menos egoísta.
Essa voz interna é a herança psíquica de gerações de mulheres sobrecarregadas, e precisa ser escutada, acolhida, transformada. Não para ser combatida, mas para ser compreendida. Só assim a mulher pode resgatar uma nova forma de maternar: uma que inclua a si mesma.
É possível transformar essa dor em consciência e liberdade
Não importa se você tem filhos ou não. Se essa dor materna simbólica ressoa em você – se você sente que está cansada de sustentar o mundo, se se percebe sumindo de si em nome dos outros -, talvez seja hora de escutar o que essa experiência está tentando te dizer.
A cura não está em deixar de cuidar. Mas em aprender a incluir-se no cuidado. Está em maternar a própria alma, antes de maternar o mundo. Está em lembrar que existe uma mulher por trás da função – e que essa mulher merece existir inteira.
Mães no Divã: um espaço também para quem materna sem filhos
O curso Mães no Divã não é exclusivo para mulheres com filhos. Ele é para todas aquelas que sentem a força – e a ferida – do materno em suas vidas. Que cuidam demais, sentem demais, se culpam demais. E que desejam, finalmente, encontrar um caminho de volta para si mesmas.
É um percurso simbólico e espiritual que permite olhar para a mãe interna, para a ancestralidade, para as repetições invisíveis – e transformar dor em consciência, sobrecarga em escolha, silêncio em verdade.
Se você se reconhece nessa experiência, esse também pode ser o seu lugar.