Muitas mulheres se sentem emocionalmente frágeis, inseguras no amor, confusas com o próprio desejo e desconfortáveis ao ocupar espaço – mesmo tendo conquistado autonomia, formação, carreira e independência.
A pergunta que fica é: por que essa insegurança continua, mesmo depois de tanto esforço?
Essa insegurança não é frescura, nem falta de autoconhecimento. Ela nasce de uma estrutura psíquica que foi construída lá na base da identidade: na relação (ou ausência de relação) com o pai.
A função paterna é quem inscreve a filha no mundo externo. É quem deveria olhar para ela com desejo afirmativo, validar sua existência e afirmar: você pode ir.
Quando essa função falha, seja por ausência, silêncio, dureza ou idealização, a menina cresce sem esse registro de “autorização para existir”. E aí, mesmo adulta, ela vive como se estivesse sempre “errada”, “exagerada” ou “não pronta”.
Essa insegurança não é um traço de personalidade. É o efeito da ausência de um lugar seguro dentro de si. Um lugar que deveria ter sido construído com o olhar estruturante do pai, e não foi.
Por isso, tantas mulheres vivem com a sensação de que precisam conquistar mais, provar mais, agradar mais. Mesmo quando sabem que têm valor, sentem que ainda estão em falta com algo.
Essa é a falta residual: não falta algo de fora – falta algo que nunca foi constituído por dentro.
Essa ferida, quando não nomeada, se manifesta como:
- medo de ser rejeitada mesmo em relações estáveis
- culpa ao desejar algo só para si
- vergonha de se posicionar com firmeza
- esforço excessivo para ser “desejada” ou reconhecida
- ou, ao contrário, total apagamento e retração
Esse tipo de insegurança cria uma sobrecarga silenciosa. A mulher funciona, mas vive cansada.
Porque está sempre em modo de alerta.
Vigia suas falas, ajusta seu tom, reprime o impulso de desejar com força, se retrai quando sente que vai ocupar “demais”.
Ela aprendeu que ser “toda” é arriscado. Que ser intensa, firme, certa do que sente – afasta, assusta, quebra a expectativa.
Em algum ponto da história, alguém olhou para ela, ou deixou de olhar, de um jeito que ensinou: não é seguro ser quem você é.
Esse “alguém” foi, na maioria das vezes, o pai.
E essa dor não é só pessoal. Ela é transgeracional. Muitas mulheres da sua linhagem também não foram vistas, nem reconhecidas, nem desejadas como eram.
Por isso, romper esse ciclo exige mais do que entender o problema.
Exige um trabalho interno, simbólico e corajoso de reconstruir, fio por fio, a imagem de si mesma como alguém inteira e autorizada a existir com potência.
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