Você sabe o que quer. Você sente o que é certo para você. Mas na hora de ir, trava.
A fala embarga. A energia some. A dúvida toma conta.
E, depois, vem a culpa. Como se você estivesse sempre falhando consigo mesma.
Esse é o ciclo da insegurança feminina estrutural.
No aulão “Onde nasce a insegurança feminina”, a gente nomeia esse ciclo de forma clara: ele começa quando a mulher não teve a função paterna cumprida em sua história.
A função paterna é quem apresenta a filha ao mundo. É quem inscreve a realidade e legitima o desejo.
Quando isso não acontece, ou acontece de forma negligente ou distorcida, a filha cresce com medo do real. Medo de desejar, medo de ser vista, medo de falhar.
E esse medo se transforma em insegurança crônica, dificuldade de confiar nos próprios sentimentos, procrastinação constante, sensação de não saber “como ser”.
Essa mulher sabe que tem algo dentro dela. Mas não consegue sustentar.
Ou se obriga a performar – e se esgota.
Ou se retrai – e adoece.
Em ambas as posturas, o que está presente é a ausência. A ausência de um olhar que diga: “Você pode ser quem é”.
Essa falta psíquica também afeta a relação com o desejo.
Quando o pai não desejou a filha – não no sentido sexual, mas no sentido simbólico de afirmar a existência dela – a mulher cresce achando que o próprio desejo é perigoso ou vergonhoso.
E passa a se proteger dele. Ou a hipercompensá-lo.
Não é raro que mulheres com esse tipo de ausência vivam desconectadas do próprio prazer, da própria fome, da própria raiva.
Porque tudo isso: fome, desejo, potência, frustração – são registros que exigem corpo.
E a mulher que não se sentiu autorizada a ocupar o próprio corpo aprende a viver “do pescoço pra cima”.
E é por isso que tanta espiritualizada se sente perdida.
Ela vê muito, intui muito, sente muito.
Mas não sabe o que fazer com isso na vida real.
Porque faltou chão. E sem chão, não tem como sustentar potência.
Esse é um ponto de origem que precisa ser nomeado para ser transformado.
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