Há um momento, para muitas mulheres, em que a pergunta não cala: “Quem sou eu agora?”
Essa pergunta, geralmente feita em silêncio, vem acompanhada de um incômodo profundo – não necessariamente por falta de amor pelos filhos, mas por um vazio que se instala no espelho, na alma, no corpo, na rotina. Um vazio que não tem nome, mas que pesa, porque esconde uma perda que nem sempre é reconhecida: a da própria identidade.
A maternidade é, sem dúvida, uma travessia transformadora. Ela reorganiza valores, ressignifica prioridades, e pode abrir portais de amadurecimento que nenhuma outra experiência oferece. Mas também pode desfigurar, fragmentar e silenciar partes da mulher que existiam antes – e que continuam querendo existir, mesmo sem saber mais como.
A identidade feminina diluída no maternar
A desconexão com a própria identidade raramente acontece de forma abrupta. Ao contrário: ela se insinua devagar, enquanto a mulher vai abrindo mão de pequenas coisas que, aos poucos, se tornam imensas. Primeiro, deixa de lado um hobby. Depois, deixa de escutar suas músicas, de se vestir como gostaria, de cuidar da própria beleza não por vaidade, mas por prazer e presença.
Quando se dá conta, ela já não fala de si – só dos filhos. Já não se escuta – só organiza, prepara, provê. E mesmo amando profundamente, mesmo sendo grata pela vida materna, ela sente falta de algo essencial. Não dos tempos de antes, mas da mulher que ela foi. Da inteireza, do brilho, do desejo de existir como sujeito, e não apenas como função.
Amar os filhos e sentir falta de si não são coisas opostas
Muitas mulheres resistem a nomear essa dor por medo de parecerem ingratas, egoístas ou más mães. Mas essa dicotomia é uma das armadilhas mais cruéis da cultura materna: a ideia de que, se você se prioriza, abandona. Se se escuta, desama. Se deseja, erra.
Essa lógica precisa ser desconstruída com urgência. É absolutamente possível – e saudável – amar os filhos profundamente e, ainda assim, sentir saudade de si. O amor não exige que você desapareça. Exige, isso sim, que você esteja presente. E presença verdadeira só é possível quando se está conectada com quem se é.
A maternidade idealizada gera silenciamentos profundos
A cultura que exalta a maternidade como um ápice feminino raramente mostra o outro lado da história: o cansaço, a sobrecarga emocional, o desaparecimento subjetivo. A mulher é ensinada a dar conta, a sorrir, a agradecer, mesmo quando tudo dentro dela está dizendo que algo se perdeu.
Essa idealização não fortalece. Ela oprime. E transforma a mulher em uma personagem que precisa atuar constantemente um papel de plenitude que, muitas vezes, não corresponde à sua verdade interior.
Reconectar-se com sua alma é um ato de coragem e fé
Voltar a si não significa abandonar os filhos, a casa, os vínculos. Significa incluir-se neles. Significa olhar no espelho e ver, além da função materna, uma alma viva, pulsante, desejante, capaz de amar com mais presença porque se ama também.
É preciso, para isso, abrir espaço. Escutar o incômodo, nomear a ausência, permitir-se voltar a desejar. E encontrar, nesse retorno, uma nova forma de estar na maternidade – mais autêntica, mais consciente, mais sustentada pela inteireza da própria presença.
Mães no Divã: um percurso de volta para si
O curso Mães no Divã foi criado justamente como um espaço seguro para esse reencontro. Não se trata de um manual sobre como ser mãe, mas de uma travessia simbólica, emocional e espiritual para a mulher que está atrás da mãe – ou tentando voltar a existir com verdade.
É um processo de escuta profunda, em que a culpa é compreendida, a identidade é restaurada e o feminino é curado não por teorias, mas por encontros, partilhas, símbolos e espiritualidade.
Se você sente que a maternidade te desconectou de você, talvez esse seja o tempo de voltar. E de fazer isso com amor, fé e verdade.