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Dani no Divã – O último Constelar

“Para onde vão nosso olhar e nosso movimento quando avançam? 

Saem do velho e caminham para a frente.

Contudo, o velho continua dentro do novo, renovado. Caminha junto com ele, ultrapassando o novo que, em breve, será velho em um movimento no qual tudo se multiplica e se torna mais novo, e nós com ele.”

Assim nos ensina Bert. Ler seus livros já não é fácil. Viver o que eles ensinam, menos ainda!

Desde que anunciei que essa seria a última turma do Constelar, tenho recebido inúmeras perguntas sobre minhas razões. Sinceramente, eu tenho algumas razões, mas aqui quero falar dos assuntos do divã. Quero falar de como me sinto e dos assuntos da minha alma.

Incrivelmente, as pessoas que menos entenderam minhas razões foram os alunos do Constelar. O que, obviamente, reforça ainda mais minha convicção de que ler Bert e viver Bert são mundos distintos.

Essa distância entre a teoria e a prática é uma das coisas que mais me entristece quando o assunto é constelação. Esse, inclusive, tem sido um tema recorrente nas lives que fiz com os alunos durante todos esses anos de Constelar: a resistência deles em deixar os ensinamentos de Bert levá-los para além do cercadinho.

Sempre os convidei a se abrirem para os ensinamentos, dispostos a entrar no mar à sua frente, em vez de ficar buscando água com o baldinho. Mas a maioria prefere o baldinho. Não apenas no que diz respeito aos ensinamentos de Bert, mas também em relação à vida.

E essa indisposição, infelizmente, me limita muito como mestra.

Claro que isso não se aplica a todos. Esse também foi o curso que mais me fez chorar de alegria com as imensas transformações de tantos alunos, casamentos e famílias.

Quantos profissionais maravilhosos foram formados no Constelar, atuando no Brasil e em tantos lugares do mundo. Muitos se tornaram amigos queridos e me encheram de orgulho com seu florescimento pessoal e profissional.

O Constelar é uma grande árvore que fundamenta tudo o que vivemos no Terapia. Os ensinamentos de Bert norteiam tudo o que fazemos e assim continuará sendo.

A questão é que a constelação passou a ser muito distorcida e associada a inúmeras outras práticas, o que foi tornando meu propósito de multiplicar os ensinamentos de Bert cada vez mais difícil.

Quanto mais a constelação foi sendo banalizada nas redes sociais, mais eu fui me sentindo um tubarão em um aquário, um leão domesticado em um circo, como o Shrek na festa de aniversário dos filhos quando todos ao seu redor pediam: “Faz o urro!”.

O Constelar, com certeza, é o meu curso mais plagiado. Esse foi um assunto que me fez chorar muito, me fez sentir muita raiva e também me fez amadurecer muito nos meus princípios. Tudo isso foi minando meu coração. A cada ano, as perguntas que eu recebia dos alunos antes das aulas ao vivo se tornavam mais superficiais e, consequentemente, mais me entristeciam, fazendo com que eu sentisse que estava me distanciando da paixão com que criei esse curso.

Bert é um gênio, com certeza um gênio incompreendido. Meu desejo sempre foi que os alunos se apaixonassem pela obra dele, por seus ensinamentos. Eu queria que a vida deles fosse completamente transformada por seus ensinamentos, assim como a minha foi.

Com o tempo, acabei sentindo que o uso da ferramenta terapêutica que é a constelação foi sendo distorcido, afastando as pessoas da verdadeira riqueza dos ensinamentos de Bert. E, com tudo isso, crescia em mim a força dos movimentos do espírito.

Quando gravei o curso Movimentos da Alma e Movimentos do Espírito, eu já sabia que tinha chegado o fim do Constelar. Mas deixei que o movimento acontecesse por si só.

Como diz Bert:
“O que é velho envelhece assim que o novo chega. Então pode terminar. E tão logo termine para nós, nosso olhar e nosso movimento podem seguir para a frente. Se pararmos esse movimento, o novo também para. Em vez de vir, falta!”.

Quando gravei esse curso, imaginei que os alunos do Constelar viriam famintos em busca de mais expansão, em busca dos movimentos do espírito. Mas me enganei de novo. Uma porcentagem pequena se interessou e uma menor ainda terminou o curso.

Toda essa percepção me amadureceu muito e, durante esse tempo, fui deixando as coisas minguarem até estar pronta para sustentar minha decisão.

O mercado sempre nos propõe simplificar os conteúdos para torná-los acessíveis à massa, mas essa não é a minha natureza e eu jamais desonraria Bert dessa forma. Então, decidi segui-lo ainda mais em seus ensinamentos: “É difícil renunciar, dizem. No entanto, a renúncia também liberta.”

Estou vivendo uma grande expansão e uma grande libertação com essa decisão, o que, com certeza, vai refletir em vivermos o lançamento dessa última turma com uma imensa paixão. Algo que talvez seja ainda mais incompreensível para muitos.

“Crescemos quando renunciamos e, por mais estranho que possa parecer, nossa alma ganha relevância. Quem não renunciou pode muito pouco e, em muitos aspectos, permanece uma criança.” 

E Bert continua: “Essa renúncia é como uma iniciação em algo mais abrangente, algo profundo e reparador.”

Então, seguimos para o mais!

Um beijo,

Dani

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